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*Por Mariana Munis
Acabei de assistir ao novo clipe de Anitta: Girl from Rio. Estou profundamente tocada, estarrecida. Creio que este foi seu clipe mais autoral, refinado, com a cara da cantora.
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Enquanto escrevo este artigo, Anitta: Girl from Rio está no top 1 dos vídeos mais assistidos no YouTube. Porém, como professora de Marketing, aproveito para verificar algumas de suas estratégias de marketing e comunicação ao clipe e lançamento da música, as quais quero compartilhar.
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Há um tempo, noto que a artista quer se posicionar como uma diva pop brasileira, sem perder suas origens. O clipe é um produto que reforça essa imagem. Anitta: Girl from Rio moderniza a música “Garota de Ipanema”, misturando bossa nova, com algumas batidas de funk, pop e hip hop, novamente reforçando o passado, origens, com o momento presente da cantora.
Além da produção de um clipe impecável, Anitta aproveitou para fazer excelente comunicação antes da estreia, de modo a gerar curiosidade em toda sua audiência (chamamos essa comunicação prévia de teaser).
Notou-se um forte trabalho de marketing digital, mostrando, num primeiro momento de divulgação, fotos de pessoas de diferentes classes, gêneros, famosas ou anônimas, em seu Instagram, compondo a estética vintage de parte do clipe (fotos em preto e branco).
Depois disso, Anitta lançou um “pôster” do clipe nos stories do Instagram, o qual está de biquini na frente de um ônibus, com o qual muitas pessoas fizeram montagens, brincando com as palavras “Girl from Rio”, forçando seu público a voltar também as suas origens.
Depois, a cantora começou a mesclar fotos de uma Anitta dos anos 60, com uma Anitta da atualidade.
Além do mais, Anitta também trabalhou com kit para celebridades, famosos e influencers, os quais mostraram os elementos de marca do clipe, ganhando mimos da marca parceira do clipe, Colcci. Forte trabalho cruzando o on-line e o off-line, com sua assessoria de imprensa, e usando as redes dos famosos para divulgar seu lançamento.
Além de ter um clipe com storytelling contruído com narrativa muito poderosa e estética impecável, Anitta e o diretor criativo do clipe, Giovanni Bianco, conseguiram trazer algumas tendências de mercado para dentro da produção.
Ao enaltecer suas origens, Anitta mostra, sem ser caricata, as belezas de um Rio de Janeiro cheio de contrastes e diversidades – Do piscinão de Ramos (Girl from Rio), a nostálgica Ipanema/Copacabana (Girl from Ipanema).
Além do mais, o clipe mostra alguns elementos da cultura carioca:
Ela desmitifica o Glamour da música “Garota de Ipanema”, da bossa nova, na parte vintage do clipe, e a moderniza, mostrando a realidade do carioca e suas origens;
A cantora faz questão de trazer em seu clipe pessoas que de fato retratam a realidade do Rio de Janeiro, enaltecendo os corpos reais e livres, os diferentes tipos de beleza, de pessoas pretas, pardas e brancas, de diversas classes e gêneros, que vivem numa cidade cheia de contrastes.
Anitta não tem medo de mostrar suas celulites, sua família composta por pais separados, um irmão que apareceu depois de anos e fala também na letra da música sobre Honório Gurgel, subúrbio onde cresceu.
Essas são as suas bases, suas raízes. Embora sua família não seja convencional, ou tradicional, Anitta os ama. Além do mais, a cantora mostra aos brasileiros que é possível chegar à fama, com muito esforço, consistência e estratégia.
Anitta mostra a força da mulher carioca, que não tem medo de ser quem é, de vestir o que quiser, sendo dona de seu corpo e de sua sexualidade.
É uma tendência trabalhar com estética vintage e de nostalgia. O clipe mostra um Rio de Janeiro Glamouroso da Década de 60 (momento que surge a música Garota de Ipanema), com tons pastéis, e ao mesmo tempo, faz contrastes com a atualidade, cheia de estampas e colorida, mostrando seus diferentes cartões postais.
Trabalhar com a curiosidade é um prato cheio ao cérebro, pois ele ama coisas que tenham começo, meio e fim. O Brasil inteiro estava curioso para saber como seria esse lançamento. Além do mais, a cantora consegue trabalhar com outra métrica de neurociência: o contraste, entre as cores pasteis e o glamour do passado, e o colorido e estampado, trazendo um Rio de Janeiro diverso do presente.
O clipe é lindo e inspirador, mostrando que, embora o povo carioca viva com tanta desigualdade e violência, consegue ser feliz e se divertir, e que mesmo com todas as mazelas, a cantora conseguiu chegar aonde chegou, sem renunciar suas raízes.
Após esse clipe, entendi o real significado de uma frase sempre dita pela cantora e administradora: “o impossível não existe”. Vai lá, Anitta, o mundo é seu.
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Mariana Munis é professora de Marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.