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Rússia tenta bloquear Telegram, mas derruba milhões de IPs do Google e da Amazon

Na última sexta-feira (13), o governo da Rússia ordenou o bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram em todo o país. A decisão veio depois que o app se recusou a entregar as chaves de criptografia das mensagens para as autoridades — como manda uma lei de vigilância aprovada em 2016, como medida para combater o terrorismo. Mas o problema se tornou ainda maior quando a negativa do mensageiro acabou por refletir negativamente em outros serviços da internet russa.

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A questão é que, para bloquear um mensageiro instantâneo, é preciso saber os endereços IP de todos os servidores que o app usa para se comunicar. O Serviço Federal para Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Mídia de Massa (Roskomnadzor) descobriu que o Telegram estava usando servidores do Google e da Amazon e passou a bloqueá-los. Mas, nessa brincadeira, o país acabou bloqueando também outras mais de 1.8 milhões de IPs nas plataformas de nuvem das duas empresas.

Por um lado, a ação funcionou, pois muitos usuários russos não conseguiram mais usar o aplicativo do mensageiro. Por outro, várias lojas online e serviços bancários que não tinham a ver com a história foram afetados e ficaram fora do ar.

E as medidas russas não pararam por ai. O Roskomnadzor também mandou pedidos de remoção do Telegram para as lojas do Google e da Apple. Plataformas como o APK Mirror, que disponibiliza na internet o download de aplicativos gratuitos, também estão recebendo os avisos.

Posicionamento da empresa

Em nota, Pavel Durov, criador do Telegram, comentou que “o poder que os governos locais têm sobre as corporações de TI é baseado em dinheiro”. Ele ainda disse que “a qualquer momento, um governo pode derrubar seus estoques ameaçando bloquear fluxos de receita de seus mercados e, assim, forçar essas empresas a fazer coisas estranhas (lembre-se de como no ano passado a Apple transferiu os servidores iCloud para a China)”.

O fundador completou sua mensagem dizendo que a empresa tem o luxo de não se importar com fluxos de receita ou vendas de anúncio. “A privacidade não está à venda, e os direitos humanos não devem ser comprometidos por medo ou ganância”, afirmou. Pelo visto, essa história ainda vai longe, porque nenhum dos lados parece estar disposto a ceder.

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