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Ansiedade, depressão, fingir vida perfeita: 5 gatilhos que as rede sociais podem disparar

Créditos: DepositPhotos
7 outubro, 2022
Da Redação

De acordo com estudo divulgado pela plataforma Cupom Válido, que reuniu dados da Hootsuite e WeAreSocial, o Brasil é o terceiro país no mundo que mais usa redes sociais. Além disso, a TIC Domicílios 2020, pesquisa que estuda o uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) nas residências brasileiras, apontou que cerca de 81% da população acima de 10 anos de idade no país usa a internet.

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São números como esses que mostram o motivo das redes sociais terem se tornado formadores de opinião e gostos para muitas pessoas. A verdade é que, com o passar do tempo, essas plataformas começaram a transformar as relações – seja online ou na vida real.

“As redes sociais sofreram muitas mudanças nos últimos anos. Inicialmente, elas serviam apenas para a comunicação entre as pessoas, mas descobriram nela uma grande fonte de renda”, explica o psicólogo Luiz Mafle, professor de Psicologia e Doutor em Psicologia pela PUC Minas e Universidade de Genebra.

“Assim, a ideia começou a ser fazer com que se passe o máximo de tempo possível diante da tela para o consumo de propaganda”, conta. “Para isso, desenvolveram a estratégia dos algoritmos, likes e engajamentos, que ativam o mecanismo de recompensa em nosso cérebro. Por conta do impulso constante para checar se recebemos uma mensagem, nos sentimos desconfortáveis e impelidos a olhar a todo instante o celular.”

Um ponto importante a ser analisado nessa era das redes é que têm aparecido cada vez mais novos influenciadores, de diversos assuntos, que começam a ganhar a vida por meio da internet.

“É bom entendermos que, se alguém está ganhando dinheiro com uma moda hoje, se a pessoa for tentar copiar, ela já estará ultrapassada, não atingindo o mesmo resultado. Mas acredito que não podemos negar as possibilidades que as redes sociais oferecem”, diz Mafle.

“Ali se tem todo o conhecimento disponível e muitos deles podem realmente trazer benefícios e progressos na vida”, continua o especialista. “O problema é que muitas formas de ganhos oferecidos são aquelas que não deixam o que em economia se chama de lastro. Ou seja, recurso que dê um valor real para as coisas, algo físico que sirva de garantia. A maioria é volátil e dentro de um jogo, que como sabemos, só alguns ganham.”

Abaixo, o psicólogo lista alguns gatilhos que podem ser causados por conta da relação que as pessoas têm com as redes sociais.

Comparação com a vida perfeita

“Como somos levados a ver a vida dos outros a todo instante, vendendo uma rotina de realização e felicidade constante, comparamos com as nossas vidas e nos sentimos piores, por não conseguirmos determinados status sociais ou alegria sem fim.”

“Nesse processo de comparação, somos acometidos por pensamentos de desvalorização e tentamos buscar soluções (nas próprias mídias sociais) para solucionar os problemas que elas estão gerando. Nesse looping, vamos aumentando a nossa ansiedade, por um lado, sentindo-se insuficientes e, por outro, por não darmos conta de atingir a suposta felicidade que os outros nos apresentam.”

Vício nas redes sociais

“Difícil dizer de alguém que não sofra os efeitos do vício em redes sociais, devido ao efeito da dopamina, estruturado pelos desenvolvedores dos softwares e dos algoritmos. No documentário ‘o Dilema das Redes’, por exemplo, os próprios desenvolvedores se tornaram vítimas das suas criações.”

“O que podemos pensar é em uma redução de danos no momento, ou seja, estipular horário para uso do celular, se mantendo longe dele nos momentos de desuso e retirando as notificações. Isso porque, o hábito e a facilidade de acesso ao celular, fazem com que o acionemos com mais frequência. Se o alcance ficar mais difícil, tendemos a pensar mais se iremos buscá-lo ou não.”

Cyberbullying

“Algumas pesquisas mostram que o uso da comunicação via internet reduz a empatia entre as pessoas, pois não se tem o contato direto com a pessoa, não percebendo a reação emocional que a pessoa tem ao receber a mensagem. Normalmente, quando expostos ao sofrimento que a pessoa sentiu, a pessoa que realizou a agressão tende a se arrepender por esse mecanismo de empatia.”

“Por conta desta falta de percepção da reação do outro, o cyberbullying se torna mais fácil de se realizar e por conta do volume de mensagens negativas que se pode receber, os efeitos também são potencializados. E esse volume ainda pode ser maior devido ao efeito manada, pois para se sentir incluído, o ser-humano tende a repetir o comportamento do grupo.”

Comparação em relação a corpos

“É inevitável vermos pessoas mais bonitas ou com corpos mais definidos que os nossos. E isso não é um problema. Só que, quando vemos demais, ou consumimos em excesso essas imagens, a nossa mente incorpora essa imagem como padrão, como uma verdade a ser imitada.”

“Ao passar por esse processo, passamos a nos comparar e nesta hora, nos sentimos inferiores. Um processo de desintoxicação destas imagens ajuda, evitando personagens que apresentam esse padrão de beleza, e vendo mais as pessoas reais ao seu entorno, no trabalho, na escola, nos espaços públicos, etc. Depois de algum tempo, a nossa cognição se adapta e a comparação se mostra menos nociva.”

Ansiedade e depressão

“O que se vive na rede social é apenas parte da nossa personalidade que apresentamos ali. Contudo, para os influenciadores, isso é a principal, ou a única, fonte de renda. E este é um trabalho que mescla profundamente a profissão e a vida pessoal. Nesse processo, o que acontece é que a pessoa se identifica apenas com essa parte da vida, que precisa mostrar.”

“Como a alegria vende mais que a tristeza, ela precisa se mostrar feliz, mesmo quando isso não é verdade. Neste momento ela está negando parte da sua própria personalidade, o que é uma agressão contra si mesma. Uma reação da nossa mente, nesta hora, são esses sintomas patológicos, que só são superados, quando podemos viver, mais livremente, todas as emoções, como a alegria, a tristeza, a raiva e o medo.”

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