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Napster, Rapidshare, Limewire, essas coisas

Créditos: DepositPhotos
11 março, 2022
Sérgio Vinícius

Vira e mexe aparece algum jovem saudosista em alguma rede social dizendo que, bom mesmo, era ir à locadora e ficar horas escolhendo alguma fita (ou DVD). Claro que se esquece como era a sensação de ter escolhido um abacaxi do tamanho de Batman x Superman e passar o resto do domingo triste pela escolha – e ainda ter de rebobinar a fita, antes de entregar.

Lendo alguma dessas lamúrias, lembrei de como era, nas priscas eras, ouvir música via internet. Isso imediatamente após o fenômeno das locadoras de CDs. Para quem não lembra, era simples: você ia, alugava um CD por uns dias, comprava umas fitas cassetes, gravava o que queria e devolvia o disco.

Falando nisso, encontrei  uma reportagem sobre túnel do tempo da web, minha mesmo, de 2008 para o UOL: Túnel do tempo: relembre as tecnologias que fizeram sucesso no início da Web.

A primeira vez que ouvi falar em algo parecido com “baixar música pela internet”, eu era repórter do Diário do Grande ABC e descobri que havia uma programa chamado Napster que permitia trocar músicas por meio da – então – rede mundial de computadores.

Dois destaques da época, aliás
Dr. Dre fecha a Napster para fas
Napster começa a ter serviço pago no segundo semestre

Como eu era repórter de informática e tinha pouca coisa melhor para fazer, meu editor me escalou para cobrir as tretas que envolviam o programa. Na mais famosa, o Metallica processou o Napster (hoje, serviço de streaming musical pago), aquela coisa de direito autoral e tals.

Nem lembro que fim levou essa história, mas o Napster foi só o começo de uma série de outros programas e plataformas que permitiam a mesma coisa. Nomes como AudioGalaxy (durou pouco), LimeWire (que está voltando como LOJA DE NFT) e muito outros surgiram. Havia o protocolo P2P, que transferia arquivos diretamente entre usuários, há o torrent, que vai juntando pedacinhos de informação de diferentes locais até criar um arquivo só.

Com o tempo, sites para downloads de arquivos começaram a surgir aos borbotões. Rapidshare era um dos mais famosos, mas 4Shared também fazia algum estrago. O Mega (antes, o famoso MegaUpload) veio depois e até hoje está por aí.

Havia até como encontrar músicas “escondidas” em diretórios de sites – basta procurar por “index of” e “parent directory” no Google, aliado à canção ou disco procurado. Havia uma página russa, chamada Delit, que também oferecia vasta gama de material musical (à época, até aprendi um pouco de cirílico).

Aí, a indústria musical (digamos assim) paralela pegou fogo. Existia uma série de programas para ajudar a conseguir músicas. O Mipony – que ainda existe, como acabo de descobrir – automatizava o download em sites de (dã) download. Como a maior parte deles pedia um intervalo entre baixar um arquivo e outro, em vez do usuário ficar esperando, o programa fazia isso.

Já o GodFather permitia equalizar e colocar todas as músicas no mesmo tom e volume. Quando se baixava um MP3, nunca se sabia a qualidade. Então, você poderia estar ouvindo algo em um volume OK e, na sequência, pintar um Motorhead com um volume 7 vezes mais alto. Dar um padrão a todas as faixas do MP3 player era o ideal.

Aí, além de ouvir o que quisesse no Winamp, também era possível sincronizar suas músicas com o serviço de comunidade musical Last.FM (segue firme e não tão forte, mas compatível com serviços de streaming). Essa plataforma se mostrava “vizinhos musicais”, que eram pessoas com o mesmo gosto. E também indicava outras bandas e sons que, talvez, você pudesse gostar.

Absolutamente, tudo isso virou o que conhecemos como Spotify, Deezer, Tidal, YouTube Music, o próprio Napster e streamings semelhantes. Saudade? Só de rebobinar a fita depois de assistir a The Commitments. Para ver de novo – e de novo –, antes de devolver à locadora.

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