Tags
*Por Vivaldo José Breternitz
O termo Metaverse, que tem aparecido com frequência quando se fala em tecnologia da informação, é utilizado para indicar um tipo de mundo virtual, que tenta replicar a realidade com o uso intensivo de dispositivos digitais, realidade virtual, realidade aumentada e outras tecnologias de ponta.
Jogador Nº 1, filme de ficção científica lançado em 2018, oferece um vislumbre do que seria o Metaverse. O herói do longa-metragem, um adolescente órfão, foge de sua existência sombria no mundo real mergulhando em universo virtual chamado OASIS, uma utopia digital que permite aos usuários viverem como quiserem, praticamente sem limites.
Vários CEOs de grandes empresas de tecnologia, inspirados na ficção científica, dizem que, em breve, todos poderemos estar em um mundo de realidade virtual, interativo, vivendo aventuras e consumindo sem limites, como os personagens do filme. Em vez de OASIS, no entanto, eles chamam esse universo de Metaverse.
Leia mais:
Óculos de realidade virtual ajudam idosos a reviver momentos e realizar sonhos
Diretor brasileiro conta a experiência de criar o primeiro filme do mundo que une 3D e realidade virtual
O Metaverse é diferente da realidade virtual de hoje, na qual hardware desajeitado e software limitado oferecem experiências isoladas e poucas chances de interagir de forma intensa com outras pessoas. Já essa tecnologia do futuro seria um enorme ciberespaço comunitário, movido a realidade aumentada e a realidade virtual, permitindo que os nossos avatares saltem facilmente de uma atividade para a outra.
Viabilizar o Metaverse é um empreendimento enorme, que exige padronização e cooperação entre os gigantes da tecnologia, que não são propensos a colaborar uns com os outros. Apesar disso, muitos executivos da área dizem que caminhamos nesse rumo.
“O Facebook será uma empresa Metaverse“, disse Mark Zuckerberg em julho. O objetivo da empresa é atrair milhões de pessoas com hardware barato e software cativante. Evidentemente, a meta maior é ganhar mais dinheiro, pois, de acordo com o empresário, uma base de usuários desse porte aumentaria seus negócios. Sendo assim, a rede social está investindo bilhões de dólares nessa área.
O Facebook não é o único que aposta no Metaverse. Em maio, a Microsoft disse que está desenvolvendo ferramentas de software para ajudar outras empresas a desenvolver aplicativos voltados à tecnologia. Várias empresas de jogos, incluindo a Epic Games, dona do Fortnite, lançaram softwares de simulação com o mesmo objetivo.
Contudo, o Metaverse não existe e não há uma prazo bem definido para sua chegada. A realidade aumentada e a realidade virtual ainda não conquistaram as massas e continuam sendo um nicho, apesar de Zuckerberg ter dito em 2017 que em breve um bilhão de pessoas estariam usando o Oculus, um equipamento de realidade virtual para jogos eletrônicos. Na verdade, esse número está muito longe de ser alcançado.
Essa é mais uma daquelas situações em que podemos estar diante de uma revolução extremamente profunda ou de um fracasso espetacular. Vale lembrar o caso do Second Life, lançado pela Linden Lab em 2003. O propósito do Second Life era criar uma realidade paralela, na qual usuários poderiam jogar, socializar, trabalhar, comprar e vender, entre outras atividades.
Houve muito interesse num primeiro momento, com intensa cobertura da imprensa, mas o entusiasmo foi passageiro e, ao menos no Brasil, muitas empresas perderam boas somas de dinheiro que haviam empregado na construção de suas versões virtuais.
*Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Quer ficar por dentro do mundo da tecnologia e ainda baixar gratuitamente nosso e-book Manual de Segurança na Internet? Clique aqui e assine a newsletter do 33Giga