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*Por Vivaldo José Breternitz
A Amazon está exigindo que seus motoristas concordem em ser monitorados por câmeras, sensores e Inteligência Artificial. A não concordância implica em demissão.
Sob a alegação de que pretende evitar comportamentos inseguros, a empresa pretende registrar uma série de informações, como distâncias percorridas, velocidade, aceleração, frenagem, distância do veículo à frente, desatenção ao fluxo de trânsito, bocejos, expressões faciais e até mesmo a satisfação de necessidades fisiológicas nas vias públicas.
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A partir desses registros, ferramentas de Inteligência Artificial gerarão informações acerca da performance do motorista; em alguns casos, alertas serão dados aos mesmos em tempo real.
Segundo a empresa, não há outros objetivos ligados à medida – ela apenas pretende evitar comportamentos inseguros. Diz a Amazon que um projeto piloto avaliou a tecnologia durante os meses de abril a outubro de 2020, totalizando mais de três milhões de quilômetros rodados em rotas de entrega e que os resultados produziram melhorias notáveis em termos de segurança do motorista e da comunidade – houve queda de 48% no número acidentes, na desobediência à sinalização de trânsito (20%), na direção sem cinto de segurança (60%); a desatenção ao volante, por exemplo, diminuiu 45%.
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Preocupadas com aspectos ligados à privacidade, diversas entidades estão se mobilizando para combater essas medidas, como o grupo de defesa das liberdades civis Electronic Frontier Foundation. Um grupo de senadores expressou preocupação com o monitoramento, pedindo ao CEO da Amazon, Jeff Bezos que explique como a empresa evitará violar a privacidade dos trabalhadores e colocá-los em situações de maior risco, ao adicionar mais pressão ao seu ritmo acelerado de trabalho, com jornadas que frequentemente chegam a dez horas diárias, entregando centenas de encomendas.
Situações como essas deixam claro que é necessário um equilíbrio entre a busca de segurança e a o volume de produção dos empregados.
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*Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.