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*Vivaldo José Breternitz
Com mais de um ano de pandemia no Brasil, a maioria das pessoas está familiarizada com o que vem sendo chamado fadiga do Zoom. É aquela sensação de cansaço absoluto depois de um dia passado em videoconferências, trabalhando quase sempre em um ambiente improvisado e olhando para os colegas de trabalho na tela do computador.
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Embora pesquisadores da Stanford University tenham determinado recentemente algumas das razões pelas quais ocorre a fadiga do Zoom, especialmente o contato visual intenso e o fato de as pessoas permanecerem sentadas durante muito tempo, uma nova pesquisa da mesma universidade descobriu que as mulheres têm muito mais probabilidade de chegarem à fadiga do Zoom do que os homens.
O estudo, divulgado recentemente na Social Science Research Network, entrevistou mais de 10 mil pessoas em fevereiro e março para entender o que leva ao esgotamento pelo uso de tecnologia de videoconferência. No geral, uma em sete mulheres (quase 14%) relatou sentir-se de “muito” a “extremamente” cansada após as reuniões via Zoom ou ferramentas similares, em comparação com um em cada 20 homens (5,5%).
A principal razão para essa diferença parece ser o aumento do que os psicólogos chamam de “atenção autocentrada”. Ou, em resumo, em meio à pandemia no Brasil, a consciência de como a pessoa aparece em uma conversa, desencadeada pelo ver-se na tela do computador.
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Os pesquisadores recomendaram desligar a câmera para atenuar esse problema, apesar de essa postura não ser considerada adequada em muitas reuniões. Além disso, embora homens e mulheres tenham a tendência de ter o mesmo número de reuniões por dia, as reuniões em que o número de mulheres é maior, tendem a ser mais longas.
Além dos aspectos ligados a gênero, os pesquisadores encontraram diferenças nos níveis de fadiga do Zoom com base no tipo de personalidade, idade e raça. Os extrovertidos relataram sentirem-se menos exaustos após videochamadas do que os introvertidos, assim como os indivíduos calmos e emocionalmente estáveis em comparação com os mais ansiosos.
Os participantes mais jovens relataram níveis mais elevados de fadiga do que os mais velhos. Os participantes negros relataram um nível ligeiramente mais alto de exaustão em comparação com os participantes brancos.
Estudos como esse podem contribuir para que os ambientes de trabalho do presente e do futuro – mesmo já sem a pandemia no Brasil ou no mundo – sejam menos desgastantes.
*Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.