As redes sociais estão se tornando uma das principais fontes de informação. Hoje em dia, supostamente, o seu feed do Facebook reflete suas preferências e interesses em pessoas e conteúdos. Mas a grande questão é se se você têm o costume de compartilhar com os amigos tudo aquilo que consome nas mídias sociais ou faz uma filtragem no conteúdo antes.
Se você tem alguma dúvida sobre tecnologia, escreva para 33giga@33giga.com.br e suas questões podem ser respondidas
Um estudo realizado pela Outbrain avaliou mais de um bilhão de pontos de dados em centenas de publishers em todo o mundo entre 2015 e 2016. Com isso, os responsáveis pela pesquisa concluíram que existe uma diferença significativa entre o que os internautas leem e o que compartilham com os amigos. Ficou claro que a relação entre o engajamento privado – medido por pageviews e CTR (click-through rate) – e o engajamento social – medido pelo número de ações no Facebook-, como a taxa de compartilhamento, é baixa.
O conteúdo online avaliado foi dividido em mais de 20 categorias usando um algoritmo de linguagem natural classificado de acordo com dois pontos: número de pessoas que leram um artigo sobre determinado tema e número de leitores que compartilharam o conteúdo no Facebook. Uma análise ainda mais profunda também revelou que a dissonância entre o engajamento privado e o social depende da categoria do conteúdo.
Categorias como sexo, crime e celebridades têm mais envolvimento privado. Por outro lado, livros, carreiras e música têm maior engajamento social. Com isso, os pesquisadores concluíram que as pessoas estão mais propensas a compartilhar artigos sobre desastres naturais, arte, educação, arquitetura, carreiras e literatura do que artigos sobre sexo, celebridades, beleza e moda.
Segundo o estudo, as categorias que receberam muitas visualizações e alguns compartilhamentos não refletem necessariamente a personalidade de quem as consome. A maior parte deles pode ser considerada superficial, sexual, ou abrupto. No entanto, as categorias que tiveram muitos compartilhamentos e poucas visualizações são considerados profundos e intelectuais. E os dados revelaram ainda que isto não foi um caso isolado a um determinado país ou região, é um padrão global.
E agora?
No geral, esses dados levaram os pesquisadores a duas grandes conclusões:
– Há uma infinidade de conteúdo interessante que os leitores quase nunca se deparam por meio das mídias sociais, pois os usuários não revelam de verdade o interesse que têm naquele conteúdo;
– Talvez a imagem que a mídia social cria sobre o usuário é extremamente distorcida. Isto também implica nos resultados obtidos por meio de aplicativos que monitoram as redes, pois eles não representarão o verdadeiro interesse do usuário.
Por conta dessas duas questões, o leitor passa a ter um enorme poder, às vezes equivalente ao de um editor de revista, pois ele vai decidir com base em seu entorno o conteúdo que irá expor para as outras pessoas. E a partir do momento em que essa decisão não é baseada no nível de interesse que você tem em determinado conteúdo, o atual “mapa do mundo de interesses” acaba distorcido. E é justamente ele que alimenta os algorítimos que recomendam mais conteúdo para você.
Dessa forma, o estudo mostrou que um sistema de recomendação, seja ele humano o automático, deve levar isso em consideração e encontrar maneiras mais eficientes e científicas para corrigir essas distorções. Ou, equilibrar essas representações com dados de uma fonte que reflita as verdadeiras preferências do internauta.