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Era Golpe, Não Amor é um hub de suporte a mulheres vítimas de golpes financeiros em relações amorosas, chamado de estelionato sentimental. A iniciativa é fruto da agência de comunicação FRESH PR, com parceria da Associação Brasileira de EMDR, da Hibou Pesquisas e da Kickante. A ação ainda conta com o apoio de conteúdo e acessos da NAVV – Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência do Ministério Público de São Paulo e Phono Filmes.
Dentre as principais iniciativas de suporte do portal, estão:
• Esclarecimentos jurídicos concedidos por Silvia Chakian, Promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, e integrante da Promotoria Especializada de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar do Ministério Público de São Paulo;
• Apoio e contatos para acesso a suporte jurídico gratuito da NAVV – Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência do Ministério Público de São Paulo;
• Atendimento psicológico gratuito de terapia EMDR, abordagem terapêutica recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratamento de estresse pós-traumático. As consultas são realizadas por profissionais da Associação Brasileira de EMDR, mediante cadastro;
• Dicas da Kickante e canal do projeto para orientar e incentivar a criação de crowdfunding em busca de reaver os prejuízos com o golpe.
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Segundo o levantamento Golpe Amoroso Digital, conduzido pela Hibou Pesquisas exclusivamente para o projeto Era Golpe, Não Amor, 4 em cada 10 mulheres já foram impactadas, de alguma forma, por golpes em aplicativos de relacionamento. A pesquisa foi desenvolvida a partir de respostas de mais de 1.200 brasileiras, em março de 2022.
A lábia de golpistas atinge mulheres de todas as faixas etárias e classes sociais. Tanto é que 22% afirmam conhecer alguém que passou por abordagem de um golpista nos aplicativos, 9% dizem que foram abordadas diretamente e perceberam na hora, e 7% foram abordadas e perceberam apenas depois de alguma interação.
Fragilizadas e envolvidas emocionalmente, elas buscam formas de agradar o “parceiro”. Os casos seguem a mesma lógica: começam com a paixão e promessas de algum futuro, passam pelo pedido “carinhoso” de apoio financeiro, e terminam com o sumiço. As abordagens do “crush” podem acontecer de diferentes formas que resultam em impacto no bolso e na saúde mental das mulheres.
Os três golpes mais comuns relatados por elas estão, de fato, relacionados às finanças, mesmo que tenham sido bem sucedidos ou não. 53% das mulheres afirmam que o golpista pediu dinheiro emprestado e 25% solicitou ajuda para pagar alguma conta. E mais: 39% passaram por mentiras ou invenções sobre a vida real do “crush”.
Entre as mulheres que sofreram perdas por estelionato sentimental, 12% afirmam que perderam mais de R$ 5.000; 20% perderam entre R$ 500 e R$ 2.000; 10% até R$ 500; e 3% perderam de R$ 2.000 a R$ 5.000.
“Quando veem suas economias e sua vida financeira desmoronarem por serem enganadas amorosamente, as vítimas encaram questões emocionais profundas, como depressão, ansiedade, baixa autoestima, entre outros. Infelizmente, elas sentem que foram inocentes, burras e até mesmo coniventes com o criminoso”, explica Ana Lúcia Castello, Presidente da Associação Brasileira de EMDR. “A terapia focada na cura do stress pós-traumático é uma importante ferramenta para que as vítimas possam seguir a vida e se reerguer”, completa.
Dentre os danos emocionais, 38% das mulheres relatam que mudaram sua perspectiva quanto a conhecer pessoas pela internet; 29% desistiram de usar sites e apps de relacionamento; 14% desistiram de procurar alguém para se relacionar; 14% mudaram a perspectiva sobre conhecer novas pessoas; e 10% passaram por depressão.
Embora não exista uma lei com a nomenclatura específica para o estelionato sentimental, a prática criminosa é identificada pelo artigo 171 do Código Penal – ato de “obter para si ou para outrem vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.
“Por falta de conhecimento, muitas mulheres deixam de procurar o equipamento jurídico para se defenderem desse tipo de abuso e violência psicológica”, diz Silvia Chakian, Promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. “Mas existem diversos caminhos possíveis na lei. O mais importante é que as vítimas entendam que passaram, sim, por um crime e podem buscar a justiça.”
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