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“O problema da internet brasileira está na infraestrutura”, diz especialista

Uma das principais discussões que tem mobilizado a internet brasileira nos últimos meses é a franquia de dados nos pacotes de banda larga. Desde que as operadoras começaram a divulgar que passariam a oferecer pacotes com limites nos contratos, diversos usuários, autoridades, entidades e movimentos ligados à web passaram a se manifestar sobre o tema.

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Para entender melhor essa discussão, Carlos Brito, general manager da ECI para a América Latina, explica que é importante tocar em um ponto pouco explorado: a infraestrutura. De acordo com ele, é preciso ter uma visão ampliada sobre as redes como um todo, para que assim o País consiga suportar a demanda cada vez mais crescente de conexão de alta velocidade.

Provedora global de soluções de rede Elastic para os mercados de CSPs, Utilities e provedores de datacenter, a empresa explica que, em linhas gerais, o acesso à internet é dividido em camadas. No entanto, a discussão tem ficado restrita à ultima delas, a de acesso, que é a que chega aos consumidores. Porém, há outras camadas como a de agregação, de backbone e a de transporte, esta última, parte essencial do processo.

A camada de transporte, juntamente com o backbone, é onde está o principal “gargalo” das operadoras de telecomunicações do Brasil. Brito conta que o investimento nestas camadas está aquém da demanda e, sem uma estrutura sólida neste sentido, uma provedora não consegue crescer, e o desequilíbrio causado por essa falta de estrutura só será percebido em longo prazo.  Por outro lado, da mesma forma que  é necessário investir, surgem as dificuldades de capacidade de investimento das empresas, sobretudo em um momento desafiador como o atual.

O especialista explica que uma busca constante das empresas é a diminuição do CAPEX (despesas de capital ou investimento em bens de capital) e o OPEX (despesas operacionais), por isso cada vez mais precisam ir em busca de equipamentos com vida longa, que olhem para o futuro e não necessitem de novos investimentos de grande porte a curto prazo.

O Software-defined Networks (SDN) e Network Functions Virtualization (NFV) são duas das tecnologias que estão mudando a operação das redes de telecomunicações e respondendo às demandas no tráfego dos usuários. O SDN centraliza todas as funções das camadas de rede em um mesmo dispositivo, por meio de tecnologias controladoras e programáveis, enquanto o NFV consiste na substituição de hardware especializado por máquinas virtuais.

Brito garante que investir em softwares como estes se torna cada dia mais necessário. Segundo ele, esse é o caminho para atender melhor a demanda de internet no País, e precisa se tornar prioridade para que não seja realmente necessário fazer a limitação do acesso ao consumidor.