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Os esportes tradicionais são aqueles que ainda dominam a cena das atividades desportivas em geral, e é de se esperar que assim vai ser por pelo menos algumas décadas. No entanto, os fãs de esportes eletrônicos – os famigerados eSports – têm bastante motivo para acreditar que o cenário composto por vários jogos, desde Counter-Strike até DotA 2, fará pelo menos uma boa concorrência por atenção e espaço nas mídias.
A via mais fácil para os eSports continuarem a aumentar sua relevância é por meio do League of Legends, um game do tipo MOBA (multiplayer online battle área). O jogo costuma ser indicado há anos a prêmios como o The Game Awards, um dos mais importantes da indústria, muito graças ao seu impacto dentro e fora da cena de esportes eletrônicos. Tal impacto inclui até mesmo gigantes da tecnologia como o Spotify, que já criou listas musicais para personagens de LoL na plataforma.
Enquanto o LoL tem crescido em grande velocidade no mundo inteiro, no Brasil os últimos anos têm sido especiais nesse sentido. O Campeonato Brasileiro de League of Legends, também chamado de CBLOL, tem ultrapassado audiências norte-americanas e europeias nas transmissões ao vivo via YouTube e Twitch. Com mais atenção em torno do esporte, tem aumentado também as quantias envolvidas em transferências, salários, patrocínios e outras figuras monetárias que servem como indicador da importância da cena de LoL no mundo esportivo brasileiro.
Ajuda também o fato de a cena de eSports ser mais nova do que a sua contraparte mais tradicional, o que faz com que o processo de quebra de paradigmas e de práticas seja algo constante. Experiências de outrora, como a do Overwatch League em seu princípio, mostram a dificuldade de trazer soluções que vêm dos esportes tradicionais. Esse processo evolutivo, no qual soluções próprias para o cenário são criadas ao longo do tempo, é algo que só deixa o cenário ainda mais atrativo para os fãs ávidos por acompanhar as novidades que surgem no horizonte.
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O mundo de League of Legends e de seus cenários domésticos vai muito bem. Entretanto, nem tudo é perfeito. Uma das críticas constantes dos fãs em relação à organização do cenário, feito pela empresa que desenvolveu LoL, a Riot Games, é a falta de eventos que reúnem times de todo o mundo. Ainda mais quando é feita a comparação com outros jogos de eSports, como os já mencionados Counter-Strike e DotA 2, que têm torneios continentais e internacionais ocorrendo praticamente de forma mensal.
No caso de LoL, existem hoje apenas dois eventos mundiais oficiais e organizados pela Riot: o Mid-Season Invitational, também conhecido como MSI, que ocorre na metade da temporada, e o Mundial, que reúne os melhores times de cada região do planeta pelo prêmio máximo do esporte.
O último MSI ocorreu em maio de 2021 e foi um tremendo sucesso de audiência na internet. Somente no Ocidente, a final do campeonato envolvendo os campeões da China e Coreia do Sul – Royal Never Give Up e DWG Kia, respectivamente – reuniu 1,8 milhão de espectadores em frente às telas da Twitch e do YouTube. Ainda assim, os números não contam as transmissões chinesas, que, geralmente, reúnem milhões de espectadores, e os recordes dos canais de TV que reproduzem o campeonato.
O primeiro efeito do resultado do MSI, que consagrou os chineses da RNG como bicampeões do torneio, conforme publicado em maio pelo portal Globo Esporte, foi atrair os holofotes de volta para a nação. A liga chinesa LPL voltou aos palcos na segunda-feira (6), com um dos jogos envolvendo a FunPlus Phoenix contra a Rogue Warrior. De acordo com a Betway, site de apostas em LoL, a FunPlus Phoenix, que terminou a temporada de primavera da LPL em segundo lugar, perdendo a final para a RNG, campeão da MSI, era favorita absoluta no confronto, com 98% de chances de vitória sobre sua rival.
A RNG volta aos embates na China apenas na próxima semana, enfrentando a OMG. E os fãs de LoL estarão bem atentos aos desenvolvimentos no cenário chinês, uma vez que a evolução do campeonato ao longo da segunda metade da temporada servirá como um bom indicador para o favoritismo ao Mundial que ocorrerá entre outubro e novembro de 2021.
Infelizmente o Brasil tem colecionado em grande parte decepções nos últimos anos nos palcos mundiais. No último MSI, os representantes brasileiros da paiN Gaming conseguiram apenas duas vitórias em seis jogos na fase de grupo da competição, derrotando duas vezes os turcos da Istanbul Wildcats. Com isso, o time não conseguiu avançar para a fase final do torneio.
Entretanto, o cenário nacional de LoL vai muito bem. Com o suporte de grandes canais de televisão, como a SporTV, que já transmite jogos do campeonato há algum tempo, e a chegada de grandes patrocínios apoiando times e o torneio, como a BMW e a Mastercard, as cifras envolvidas no cenário só crescem ano a ano.
Mas não são só as cifras que importam para jogadores, técnicos e outras pessoas envolvidas com o LoL no Brasil. Um sentimento compartilhado tanto por fãs quanto por atletas e “insiders” do cenário é que a falta de prática nos palcos internacionais é um dos fatores que acabam prejudicando a performance de times que estão fora do círculo dominante dos eSports, hoje ocupado por países da Europa, além de China e Coreia do Sul.
Enquanto é bem possível para times brasileiros e seus gerentes atingirem metas financeiras apenas com as audiências e os patrocínios alcançados no cenário nacional, as ambições são bem maiores. As esperanças são de ver a Riot Games tomando no futuro iniciativas para endereçar esse gap de torneios internacionais, que servem não só como forma de atrair mais holofotes para o cenário, mas também como um espaço de intercâmbio entre os atletas de LoL das mais diferentes partes do planeta para evoluírem dentro e fora dos seus próprios países.
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