*Por Rodrigo Aguiar
Apesar de os holofotes estarem voltados para a questão do aquecimento global e para os perigos que envolvem o clima, os combustíveis fósseis ainda estão longe de deixarem de ser utilizados.
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A declaração emitida no último dia 10 de novembro na COP-26 deixa uma mensagem clara: o mundo está se preparando para uma revolução no setor automobilístico.
Porém, a segunda versão do rascunho para relatório final da reunião, atenuou a cobrança pelo fim de subsídios aos combustíveis fósseis, desde que os países que continuarem usando consigam deter parte do dióxido de carbono emitido.
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Isso significa que dificilmente apenas a chegada dos carros elétricos vai acabar com esse tipo de emissão. Entretanto, significam um grande avanço na redução.
Em contraponto à evolução clara do setor no mundo, o Brasil não deixou uma posição esclarecedora sobre o assunto no evento, nem mesmo assinou o documento. Como um país, que é produtor de matéria-prima para a indústria da eletromobilidade, pode não ver esse passo como uma oportunidade?
É claro que devemos destacar a decisão independente de nossas cidades, inclusive as mais conhecidas, São Paulo e Rio de Janeiro, de assinarem o documento. Esse passo não é uma fórmula vazia, mas o nosso país ainda precisa avançar na estruturação para o segmento.
O sinal claro dessa mudança iminente está na empresa Lucid, que disparou na bolsa nas últimas semanas, superando até mesmo a tradicional Ford ou podemos falar também do sucesso da Rivian, se falar da famosa Tesla.
O mundo já não é igual ao que vivemos no passado, com cada vez mais tecnologia ao nosso redor e, até mesmo, com o debate sobre o metaverso e a inteligência artificial, onde não podemos nos apegar a veículos que seguem o mesmo modelo desde os períodos fordianos.
Precisamos de renovação imediata e nosso país tem o potencial de estar ao lado de grandes Estados, como um receptor de todo esse investimento que virá para a eletromobilidade.
Porém, mais uma vez faltam sinais claros, posicionamentos que façam com que nós possamos derrubar a principal barreira que impede o crescimento do segmento no Brasil: a ação dos governos (federal principalmente, mas também o estadual e municipal).
Se queremos que o brasileiro passe a ver a eletromobilidade como alternativa viável, precisamos de ações imediatas, não apenas dos Estados e das cidades, como vemos na COP-26, mas de nosso país como um todo.
Em estudo recente publicado pela montadora Volvo, vemos que os países que mais se beneficiaram dos carros elétricos são aqueles que têm a matriz energética primordialmente formada pela energia limpa, como é o caso do Brasil. Outro levantamento recente mostra o potencial do nióbio de proporcionar mais capacidade para os veículos elétricos.
Porém, sem ações veementemente concisas, esse planejamento pode nunca sair do papel em terras tupiniquins. O que seria, obviamente, um desperdício de potencial de alavancagem econômica e financeira para nossa população.
Além dos danos para o meio ambiente, o Brasil hoje vê o preço dos combustíveis – fósseis ou não – cada vez mais caros para o consumidor final.
No Reino Unido, em setembro, uma pesquisa realizada pelo Carwow mostrou a clara relação entre a escassez dos combustíveis fósseis com o aumento da pesquisa sobre carros elétricos, que são claramente mais econômicos.
Imagina se iniciativas tivessem sido tomadas para que o preço dos carros elétricos em nosso país não fossem tão exorbitantes? Possivelmente hoje viveríamos outro momento.
O certo é que a COP-26 se encerrou com um posicionamento correto em muitos aspectos, principalmente quando falamos que poderemos diminuir definitivamente o impacto da mobilidade urbana por meio de modelos não danosos à camada de ozônio.
Mas, ao mesmo tempo em que a sustentabilidade no mundo tem motivos para comemorar, nós no Brasil ainda precisamos aprender, planejar e trabalhar, para melhorar nossa estrutura e nos preparar para o futuro inevitável.
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*Rodrigo Aguiar é sócio-fundador da Elev.