No último dia 4, houve pane geral nos aplicativos mais utilizados para a comunicação atualmente – Whatsapp, Instagram e Facebook. O apagão das redes sociais mostra a incrível dependência dos seres humanos em relação a essa tecnologia.
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Nas palavras do psicólogo Alessandro Scaranto, “as redes sociais surgiram para resolver problemas que ainda não existiam na sociedade”. Desse modo, aos poucos, essa tecnologia adentrou no cotidiano e surtiu, em bilhões de pessoas, dependência sobre a necessidade de acompanhar e compartilhar, em tempo integral, a vida – sua e dos outros.
Nesse contexto, uma vez que paira sobre as redes sociais uma aura constante de felicidade e contentamento, esses apps podem despertar sentimentos de comparação extrema e, logo, de baixa autoestima. “Fazemos, constantemente, nos aplicativos, uma propaganda de nós mesmos que, erroneamente, é pensada ser direcionada aos outros”, explica Scaranto.
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O psicólogo afirma ainda que essa propaganda é para o nosso próprio bem-estar. “Likes e comentários nos fazem sentir notados”, completa o especialista.
Quem somos nós em um contexto que dispensa afirmações de terceiros?
Ainda a respeito do apagão das redes sociais, impedidos de se comunicarem uns com os outros e de perceberem o dia a dia de outras pessoas, “todos foram obrigados a olhar para si mesmos”, explica Scaranto. Independentemente se foi uma tarde de um longo cochilo ou de brincadeiras com o filho ou de uma leitura proveitosa, com toda essa tecnologia fora do ar foi possível viver a vida fora de um palco.
“Nos desacostumamos a fazer atividades fora da internet. O tempo é passado simplesmente com o correr dos dedos sobre as telas”, alerta o psicólogo. Com esse apagão, as pessoas foram forçadas a ouvir o próprio barulho, haja vista que o barulho dos terceiros foi silenciado. Scaranto afirma que isso despertou um olhar para dentro de nós mesmos.
Vale ressaltar ainda que o apagão das redes sociais não só serviu como um despertar para a própria realidade, mas também como bálsamo, por meio do hiato mundial. “Essa conexão desenfreada e dependência, por nos deixar cegos quanto à nossa vida, gera uma profunda exaustão mental, e, por consequência, também física”, alerta o psicólogo.
Ficar off-line no apagão das redes sociais, mesmo que por algumas horas, significou o contato não mais somente com os outros, mas consigo mesmo. “Será que essas 6 horas fora do ar, portanto, mostraram que o tempo é direcionado a coisas tão banais que nos fizeram perder a noção do que realmente é importante em nossa vida?”, questiona o especialista.