*Por Vivaldo José Breternitz
O Banco da Inglaterra apresentou a nova nota de £ 50, que homenageia Alan Turing por seus trabalhos nas áreas de matemática e ciência da computação, bem como por seu papel na quebra do código Enigma usado pelos alemães na Segunda Guerra Mundial.
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A cédula entrará em circulação em junho, e além de ressaltar sua produção científica, é um reconhecimento das perseguições que Turing sofreu em função de sua homossexualidade. Ele era abertamente gay entre amigos, mas em 1952 foi preso e acusado de “indecência” por relações homossexuais, que eram ilegais na Inglaterra e no País de Gales até 1967.
Turing não negou as acusações e foi condenado à castração química; morreu dois anos depois, aos 41 anos, após comer uma maçã em que fora injetado cianeto. Os historiadores ainda discordam se foi suicídio ou um caso de envenenamento acidental. Turing e outros condenados por razões semelhantes foram perdoados postumamente em 2017.
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Turing é considerado o pai da ciência da computação, mas seus trabalhos foram além: estima-se que a quebra dos códigos nazistas encurtou a guerra em quatro anos e salvou 21 milhões de vidas. Homenageá-lo agora é uma forma de reconhecer sua contribuição para a sociedade e para a ciência, porém, mais importante, serve como um lembrete claro e doloroso do que perdemos com a perseguição e morte de Turing, e do que poderemos perder se as ideias que o levaram à prisão prevalecerem.
Em entrevista à BBC, seu sobrinho, Sir Dermot Turing, disse que ainda há muito trabalho a ser feito para honrar o legado de Turing, citando o incentivo à participação de mulheres nas áreas técnico-científicas e o incentivo para que crianças pertencentes a minorias étnicas sejam encaminhadas para essas áreas; disse também que se a sociedade não se conscientizar da necessidade de que isso seja feito, será ruim para todos.
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*Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.