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Biometria: mitos, verdades e curiosidades sobre a tecnologia

Créditos: Pixabay

A biometria tem experimentado um crescimento exponencial em diferentes setores de serviço e comércio. A expectativa é que até 2023 o investimento nesta tecnologia supere US$ 51 bilhões, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Research and Markets. No ano passado foram gastos cerca de US$ 39 bilhões em equipamentos e pesquisas, o que significa que o aumento possível até 2023 é de cerca de 22%.

Como qualquer novidade tecnológica, a biometria suscita dúvidas e questionamentos por parte da população. Afinal de contas, ela usa características pessoais (como digitais dos dedos, íris dos olhos, face) para distinguir um indivíduo do outro. Ao mesmo tempo em que gera admiração em alguns e torna mais prática atividades cotidianas,  mitos e desinformações são difundidos.

No Brasil, especificamente, uma das áreas em que o assunto está sendo mais debatido é em relação às eleições. Desde 2008 a Justiça Eleitoral tem coletado as digitais de brasileiros em municípios de todo o País. A ideia é criar um banco de dados dos eleitores para que ocorrências de fraudes diminuam no período eleitoral. Entre as cidades onde o cadastramento é obrigatório, mais de 30% da população ainda não compareceu à Justiça Eleitoral.

A especialista em infraestrutura de TI e CEO da it.line, Sylvia Bellio, afirma que, além das pessoas não terem feito o cadastro por preferirem postergar, também existem outras causas. “A biometria está bastante difundida hoje, sendo usada para desbloquear celulares, acessar portarias em condomínios e nas eleições. Apesar disso, ainda há muitos mitos que circulam por aí que acabam gerando desconfiança e desconforto nas pessoas.”

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Mitos e verdades

De acordo com o levantamento Panorama Mobile Time/Opinion Box, 90% dos brasileiros entrevistados disseram achar a biometria mais simples de usar do que senhas alfanuméricas, por exemplo. Apesar do número impressionante, somente 27% utilizam a biometria como método de desbloqueio no smartphone. Os dados também apontam que a maior parte das pessoas que não usa a biometria está na faixa etária dos 50 anos ou mais.

Sylvia ressalta que é importante elucidar alguns mitos que acabam circulando e fazendo com que as pessoas não adotem a biometria:

1. A biometria de um dedo decepado pode ser usada?

“Esse é um mito divulgado por filmes e que acabou se tornando verdade para algumas pessoas. O fato é que não é possível utilizar um dedo decepado para se identificar. Hoje, os sistemas também calculam questões como batimentos cardíacos e fluxo sanguíneo da parte que está sendo escaneada.”

2. É possível pegar doenças a partir do escaneamento do sistema biométrico?

“Não existem pesquisas científicas que comprovem que alguma pessoa ficou doente por realizar leitura biométrica em algum sistema que exija contato direto. Em locais que não há contato, como os que realizam leitura de íris, essa possibilidade inexiste.”

3. Após realizar o cadastro biométrico, as identidades podem ser roubadas dos sistemas?

“A probabilidade de identidades cadastradas em sistemas de biometria serem roubadas por hackers é mínima. O armazenamento dos dados das digitais dos dedos, da face, são transformados em um complexo código binário que é totalmente encriptado. A decodificação desses dados é praticamente impossível, o que torna a biometria uma das formas de identificação mais seguras da atualidade.”

4. A biometria é cara e só pode ser utilizada por grandes empresas?

“Isso já foi verdade há alguns anos, mas mudou. Como toda tecnologia, a biometria foi sendo barateada após as constantes evoluções e modernizações. Atualmente, até mesmo pequenos empreendimentos podem usar equipamentos do tipo. Esse é o exemplo de portarias por biometria em prédios e até relógios de ponto, que podem ser encontrados a menos de R$ 300 no mercado.”

Curiosidades

A difusão da biometria atualmente é grande e tem auxiliado setores diferentes. Além disso, a tecnologia também é muito mais do que apenas identificação facial e digital dos dedos. Sylvia elencou alguns avanços na sua utilização:

Identificação de bebês: o Ministério da Saúde editou, em 2018, uma Medida Provisória que tornou obrigatório o registro biométrico de bebês nas maternidades. A decisão visa prevenir a troca de crianças e ainda inibe a prática de crimes como roubos de recém-nascidos.

Reconhecimento das redes sociais: desde 2010, o Facebook utiliza uma tecnologia de reconhecimento facial para sugerir quais amigos seus estão em determinadas fotos. Como o programa sabe disso? A cada marcação feita anteriormente, o usuário dá exemplos de como são os rostos dos seus conhecidos. A partir de outra tecnologia, chamada de machine learning, os sistemas acabaram aprendendo sobre a aparência física de cada um e já conseguem distinguir quem é quem.

Reconhecimento pela digitação: uma característica bastante pessoal e única é a forma em que cada pessoa digita no teclado do computador. Cada indivíduo tecla em uma velocidade específica, usando dedos específicos, aperta os botões com força diferente. Esse tipo de biometria está na lista das comportamentais, que também são os casos da biometria por modo de caminhar e estilo de assinatura.

Identificação de cidadãos e localização de criminosos foragidos: alguns países, incluindo o Brasil, já possuem bancos de dados digitais de pessoas com problemas na Justiça. Neste caso, é utilizado o sistema de reconhecimento facial. Os rostos dos criminosos ficam em um banco de dados e câmeras espalhadas pelas cidades conseguem checar o grau de semelhança das pessoas que estão sendo filmadas com o que está no sistema. Em setembro, três pessoas foram detidas próximas ao Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), quando aguardavam para assistir a uma partida de futebol. Duas possuíam mandados de prisão em aberto e a outra tinha um mandado de busca e apreensão.

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