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Idosos que atuam no desenvolvimento de games apresentam melhora das funções cognitivas

Créditos: Divulgação / Fabio Ota
26 julho, 2017
Da Redação, com assessoria

A Tecnologia da Informação pode ser uma ferramenta poderosa também para a preservação das funções cognitivas de pessoas com mais de 60 anos. Esse pressuposto embasou a iniciativa de Fabio Ota de testar, em um projeto de pesquisa apoiado pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), os benefícios de ensinar técnicas de desenvolvimento de games para um grupo de 46 idosos, com o objetivo de desenvolver o raciocínio lógico e prevenir o declínio cognitivo.

Em 2001, Ota idealizou o projeto de inclusão digital do idoso. E a proposta de utilizar o desenvolvimento de games para estimular a cognição de pessoas mais velhas começou a tomar forma em 2014, quando criou a International School of Game (ISGame) e começou a ensinar desenvolvimento de games para jovens. Em 2015, organizou um curso para 14 pessoas com mais de 50 anos no âmbito do programa UniversIDADE da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, no mesmo ano, apresentou projeto para testar a metodologia ao PIPE da FAPESP.

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No projeto aprovado pelo PIPE, para desenvolver os games a empresa utilizou como base um programa de construção de jogos 2D, que não exige o uso de códigos de programação. “O desafio começa com o planejamento das diversas fases do game, passa pelo desenvolvimento do enredo e pela escolha dos objetos que serão utilizados em cada uma das fases, até chegar ao produto final”, comenta Ota. Esse conjunto de tarefas se orienta tanto pela criatividade como pelo raciocínio lógico.

O estudo teve duração de nove meses, tendo sido concluído em fevereiro de 2017. A pesquisa envolveu, além do time de idosos com a tarefa de desenvolver o jogo, também um grupo de controle (15 pessoas) e um grupo de jogadores (14 pessoas, que aprenderam a jogar videogame), todos com idade média de 65 anos. A maioria tinha nível superior de escolaridade e sem grande diferença estatística no que se refere à estrutura familiar, condições de saúde e financeira, entre outros critérios utilizados na composição da amostra.

Para avaliar comparativamente a evolução dos três grupos, os pesquisadores envolvidos no projeto utilizaram como gabarito metodologias já conhecidas. Por exemplo, o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), o Trail Making Test (TMT) e o Scenery Picture Memory Test (SPMT) para avaliar orientação espacial, temporal, memória imediata e de evocação, linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho.

“Após o curso, a evolução do grupo de desenvolvedores de games foi significativamente melhor do que a observada nos times de controle e jogadores”, afirma Ota. Esse desempenho foi reconhecido também por alguns dos participantes. Em depoimentos aos pesquisadores, eles mencionaram melhor concentração, mais coordenação, melhora na memória, agilidade mental, criatividade e sociabilidade.

A socialização, aliás, era um objetivo secundário do projeto. A ideia era proporcionar, durante o curso, um ambiente propício ao relacionamento de um grupo com tarefas e desafios comuns, contribuindo, adicionalmente, para valorizar a autoestima. “Ao final do curso, eles convidaram filhos e netos para testar os jogos desenvolvidos. Foi surpreendente ver os avós ensinando os netos as etapas dos games”, conta Ota.

Confirmada a eficácia da metodologia, a International School of Game (ISGame) está expandindo o número de cursos para idosos. Atualmente, a escola tem 40 alunos em Campinas (SP) e 40 em São Paulo (SP). A ideia é fechar uma parceria que permitirá atender mais 250 pessoas.

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