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Apesar do tabu, o consumo de pornografia não para de crescer. E o principal motivo para essa alta é a facilidade de acesso proporcionada pela internet. Hoje, além de plataformas consideradas mainstream no mercado adulto, como PornHub e RedTube, os usuários utilizam as redes sociais. Dentre essas mídias, plataformas de mensagens, principalmente o WhatsApp e o Telegram, têm sido cada vez mais usadas com essa finalidade.
No caso do Telegram, o crescimento expressivo é resultado não só de questões comportamentais, mas também das diretrizes de uso da própria plataforma. Nesse cenário, o principal concorrente do WhatsApp se consolidou no mercado de consumo de material adulto. E tudo indica que sua influência só deve aumentar.
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De acordo com a pesquisa Brasil é o país do sexo!, 64,1% dos brasileiros admitiram consumir pornografia durante a pandemia de covid-19. Nesse período, as práticas de masturbação associadas ao consumo de materiais pornográficos, especialmente vídeos, cresceu tanto entre homens quanto entre as mulheres.
Segundo o estudo, plataformas como Xvideos, PornHub e RedTube ainda são as preferidas dos brasileiros para acessar esse tipo de conteúdo. Embora a tecnologia tenha ajudado pessoas de todas as idades a acessarem esses materiais, os jovens e adolescentes são os que mais têm consumido esse material online.
Outra pesquisa realizada pelo próprio PornHub também revelou o aumento expressivo no número de acessos desde o início da pandemia. De acordo com o estudo, no Brasil esse aumento foi maior que 10%. Em dias de pico de acesso, o número era maior que 28%. Porém, em países nos quais as políticas de isolamento social foram mais severas, como França e Itália, esse aumento chegou a 50%.
Todos esses estudos são unânimes ao apontar que o estresse gerado pelo isolamento e a dificuldade de encontrar parceiros sexuais pode ter motivado o aumento desse consumo, já que o sexo também pode ser utilizado como uma forma de aliviar a ansiedade gerada durante a pandemia.
Nesse período, além das principais plataformas de conteúdo adulto, as redes sociais também foram decisivas para facilitar o acesso à pornografia. Foi assim que o Telegram, por exemplo, conseguiu se consolidar nesse mercado.
Uma das características mais marcantes do Telegram é a possibilidade de personalização dos canais de distribuição, que permite organizar publicações e restringir interações, por exemplo. Os usuários ainda podem esconder sua verdadeira identidade, permitindo que informações como nome, foto e número de telefone permaneçam ocultos.
O aplicativo também se destaca por permitir o compartilhamento de conteúdo com um número elevado de pessoas. Alguns grupos podem alcançar até 200 mil pessoas, por exemplo.
Mas essas não são as únicas características que o tornam uma plataforma ideal para a disseminação de conteúdo pornográfico. Outro diferencial do aplicativo é a liberdade de compartilhamento fornecida ao usuário, já que a plataforma não usa regras rígidas de moderação. Assim, vários usuários também utilizam a plataforma para compartilhar e consumir conteúdos inusitados, como a pornografia.
De acordo com o SEMrush, vários termos de pesquisa relacionados a conteúdo adulto já são relacionados ao Telegram. Isso sinaliza que o aplicativo se consolidou no mercado adulto e é cada vez mais utilizado para consumir pornografia online.
Além das características do próprio aplicativo de mensagem, outros fatores podem estar impulsionando o uso do Telegram para consumo de pornografia.
Com 66% da população ativa nas redes sociais, o Brasil é o terceiro país do mundo em relação ao uso de aplicativos como WhatsApp, Facebook e Instagram. Por isso, é natural que as pessoas busquem consumir mais conteúdo nas redes que já utilizam no seu dia a dia.
Como esses aplicativos têm um controle mais rígido em relação ao que é publicado em suas plataformas, as pessoas começaram a buscar alternativas para se comunicar. Nesse contexto, o Telegram se mostrou uma solução segura, simples, funcional e menos rígida para conversar e compartilhar materiais sobre qualquer assunto, inclusive sobre sexo. Por isso, o aplicativo apresenta um crescimento no Brasil.
Segundo a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, publicada em fevereiro de 2022, a plataforma de mensagens já está instalada em 60% dos smartphones do País. Esse número é quase três vezes maior do que o registrado em janeiro de 2019, quando era de apenas 19%.
Apesar de ser acusado de falta de transparência e de negligenciar a moderação do conteúdo, o Telegram deve continuar permitindo o compartilhamento de conteúdo adulto em sua plataforma. Mas isso pode soar contraditório. Afinal, para se cadastrar no aplicativo, o usuário é obrigado a concordar com termos de uso e serviços da plataforma, que proíbem a publicação de pornografia.
Porém, na prática, a plataforma continua sendo utilizada com essa finalidade, já que suas políticas de moderação de conteúdo refletem as crenças de Pavel Durol, fundador e CEO do aplicativo. Ele é considerado um defensor da liberdade total e irrestrita expressão e de compartilhamento de conteúdo. Em função disso, as regras de moderação do Telegram são consideradas bem mais leves em comparação a outras plataformas.
Por um lado, essa medida beneficia aqueles que querem consumir conteúdo pornográfico e conversar sobre sexo de um modo mais simples, seguro e sem censura. Por outro, a falta de moderação também tem gerado problemas, como o aumento de grupos que incentivam a pedofilia e estimulam a pornografia infantil.
Nesses casos, além de denunciar os grupos e canais que compartilham esse tipo de conteúdo, as pessoas devem denunciar esses crimes à justiça. Isso porque o Ministério Público tem trabalhado para investigar os criminosos e impedir a divulgação desse tipo de material.
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