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O sinal da internet não chegava forte ao quarto da frente da minha casa de jeito nenhum. Antes de me render ao Google Nest WiFi, tentei de tudo. Testei dois repetidores (um menos e outro mais potente), mudei o roteador, contratei um pacote maior de velocidade, fiz um upgrade no notebook, joguei sal por trás do ombro e fiz uma novena para Santo Expedito. Nada!
“É um ponto cego, não tem o que fazer. No quarto ao lado, igualmente distante do roteador (cerca de 15 metros), o sinal chega legal, mas aqui, independentemente do que eu faça, ele não passará de um quinto do que seu plano oferece”, me disse o técnico da operadora. E advinha só qual é o melhor lugar da casa, por todos os outros motivos possíveis, para eu fazer home office?
Eis então que um camarada me falou da tecnologia Mesh. “É cara”, ele disse. “Mas é boa”. Esse sistema, ao contrário dos repetidores, que apenas captam e retransmitem o sinal de um roteador já instalado, consegue ampliar a cobertura do wi-fi e garantir mais estabilidade à rede, assegurando uma conexão de qualidade em todos os cômodos da casa.
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De forma bem sucinta, dá para dizer que o Mesh é empacotado em kits com dois ou mais dispositivos que se conectam automaticamente como se fossem ramais, prolongando o alcance do roteador sem exigir mudanças de rede. Inteligentes, os dispositivos identificam automaticamente qual ponto oferece o melhor sinal de acordo com a demanda exigida e proporcionam a melhor qualidade de acesso possível.
Já existem muitos equipamentos no mercado que oferecem esse tipo de serviço. Primeiramente, testei um da TP-Link. Melhorou a situação do meu quarto? Melhorou. Mas também não dá para dizer que, nossa, como ficou incrível. Então, o tal camarada me disse: “aproveita que você mora nos EUA e compra o Google Nest WiFi. Garanto que sua vida vai mudar”. Sábio oráculo.
Eu vinha relutando a adquirir o tal brinquedinho do Google por um motivo simples: ele é caro. Nos EUA, o preço sugerido do sistema com dois pontos é de US$ 269. Por sorte, consegui, numa promoção, pagar US$ 209. No Brasil, não sai por menos de R$ 2.500 em sites como Amazon e Mercado Livre. Isso quando há algum disponível.
Optei pelo modelo de dois pontos, pois, segundo o site da fabricante, ele seria capaz de garantir um alcance de 350 metros quadrados, mais que suficiente para a área da minha casa. Há também uma opção com três pontos, que amplia a cobertura para 500 metros é indicada para quem tem sobrados grandes.
O Google Nest WiFi é vendido nas cores branca, azul e rosa. Escolhi o branco, que chegou no formato de duas bolotas. Ambas cabem na palma da mão, sendo que a maior é o roteador, e a menor, um pouco mais larga que uma bola de beisebol, é o ponto – que faz as vezes de caixa de som e vem equipado com assistente de voz (chamada de smart speaker também).
Aqui, vale dizer que é importante não confundir o Google Nest WiFi com o Google WiFi. Ambos usam tecnologia Mesh, mas o primeiro é a geração mais nova do equipamento. Enquanto a velocidade máxima das bandas de 2,4 e 5 GHz combinadas do Google Wifi é de 1.200 Mbps, a do Nest é de 2.200 Mbps.
O Google Nest WiFi prima pela facilidade na instalação, como a maioria dos produtos da gigante da tecnologia. Na caixa, sequer vem manual: são apenas os dispositivos com seus respectivos cabos de força, um de ethernet e um papel com a indicação de abrir uma conta no Google e baixar o app Google Home, caso você não os tenha.
A partir daí, basta colocar o roteador do Google na tomada e conectá-lo ao da sua operadora de internet por meio do cabo de ethernet. Com o app Google Home aberto, em menos de cinco minutos dá para configurar tudo. O sistema encontra o dispositivo sozinho, pede para você localizar e escanear o código de barras na base da bolota maior e faz a conexão. É tipo o Chromecast.
A partir daí, você pode criar o nome da rede que irá implementar (dá para gerar uma para hóspedes, caso queira), cadastrar senhas, convidar pessoas que moram contigo para acessar e controlar o sistema por meio de seus apps, estabelecer limites de segurança e tudo mais. Os passos são claros e simples.
Ao fim do processo, é hora de posicionar o aparelhinho do ponto onde quiser (o meu ficou a 15 metros da base) e, novamente, emparelhá-lo com o Google Home. Após seguir algumas instruções na tela, um teste será feito automaticamente para verificar se o Mesh está funcionando. Com tudo OK, basta cadastrar sua voz pra começar a solicitar músicas, informações e o que mais quiser para o assistente de voz.
“Ok, Google. Toca uma música do Ramones, aí”, eu disse, em português mesmo. Quando os primeiros acordes de “Blitzgreg Bop” começaram a rolar, em alto e bom som – e não é que a caixinha é poderosa –, eu sabia que só viria coisa boa pela frente.
Com o Google Nest WiFi devidamente instalado, corri para o quarto do ponto cego para ver como estava a velocidade da internet. Ao clicar no botão Wifi, o próprio Google Home faz um teste. Meu pacote é de 1 Gbps, mas naquele maldito cantinho, nunca tinha visto passar de 150 Mbps. E não é que deu 759 Mbps de download e 455 Mbps de upload?
Desconfiado, repeti o teste diariamente, por uma semana. O menor resultado obtido foi 646 Mbps (estava chovendo bastante no dia) de download. Quando vi, estava lá, baixando em poucos minutos vídeos enormes sobre surf na Califórnia para um artigo que estava escrevendo para o site Rota de Férias. Sem cair ou travar. Uma beleza.
Com mais tempo de uso, descobri que o Google Nest WiFi é ainda mais esperto do que eu pensava. O brinquedinho conta com inteligência artificial que analisa a sua rotina e passa a priorizar, automaticamente, os equipamentos que mais demandam velocidade, inclusive nas horas em que isso costuma ocorrer.
Dá até para fazer esses ajustes manualmente por alguns períodos, mas depois de um tempo, o processo é desnecessário. Uma vez que todos os seus dispositivos inteligentes estão conectados à nova rede e você indica que eles esqueçam a anterior, o Google passa a pensar por você.
Isso significa que, se ele percebe que toda terça à noite você se conecta à Netflix para assistir a programas como “Inacreditável Esporte Clube”, entre outros, é para sua TV que ele irá direcionar maior sinal. O pacote do streaming que está sendo transmitido, inclusive, é absorvido por todos os pontos Mesh instalados. Assim, se algum deles vacilar por algum motivo, o outro se encarrega de manter a rede estável.
Sobra eficiência para o Google Nest WiFi, mas ele também tem seus pontos negativos. O preço é o principal, sem dúvida. Outra questão é que ele ainda está limitado ao WiFi 5, enquanto outros dispositivos Mesh disponíveis no mercado já são compatíveis com WiFi 6 (para quem tem equipamentos preparados para a nova tecnologia, isso pode significar mais velocidade).
Outra coisa é que o Google Nest WiFi tem apenas uma entrada de ethernet no roteador. Mais espaços seriam úteis para permitir a conexão de outros aparelhos próximos, gerando ainda mais eficiência para o sistema.
Embora existam alguns fatores que o Google pode ficar de olho e melhorar nas próximas gerações de seu dispositivo Mesh, sobretudo em relação ao suporte à tecnologia WiFi 6, vale a pena, sim, adquirir o Google Nest WiFi. Principalmente caso você já tenha tentado de tudo para melhorar o sinal da internet em algum ponto de sua casa e não tenha obtido sucesso. Afinal, o produto é caro, mas, de fato, é eficiente.